quinta-feira, 19 de maio de 2011

O que é hermenêutica?



Co-pastor Paulo Mesquita
Co-pastor Paulo Mesquita
Definições e regras
“Antes de se escrever o sermão, deve-se perscrutar o texto com um microscópio’’, segundo Whately. Devemos buscar o real significado do texto, dando atenção a figuras de linguagem que ocorrem no texto e examinando as passagens paralelas para fundamentar aquilo que pretendemos aprender, pregar ou ensinar. Nisto vemos que o texto deve ser estudado à luz de seu contexto imediato. O estudante da Bíblia deve ter uma visão panorâmica de todo o contexto, e jamais tomar um versículo isolado, sem base num outro paralelo.
Se assim fizermos, podemos pegar o versículo 10 do capítulo 4 de I Coríntios: "Nós somos loucos por amor de Cristo", e pregar que o cristão é louco. Mas é não isso que diz o contexto. Ao lermos os versos que antecedem o versículo, vamos entender porque o apóstolo fala assim. Devemos considerar também outra tradução que ao invés de louco diz estulto, que indica pessoa sem discernimento ou bom senso. Também devemos ter em mente Mt 5.22, onde Jesus condena tal expressão, dizendo que aquele que chamar a seu irmão de "louco, será réu do fogo do inferno". O apóstolo faz uma ironia, com a vanglória dos coríntios: "Vós ilustres, e nós vis".
No verso 9, ele demonstra toda a humildade, contrapondo o orgulho da pretensa sabedoria dos coríntios, afirmando que era colocado como espetáculo aos homens. Naquela época, os condenados caminhavam numa procissão. Eram os últimos da fila, até serem jogados nas arenas de leões para servirem de espetáculo ao mundo. Temos outro exemplo interessante, citado pelo professor Ciro Sanches Zibordi, no artigo: "Mas o que diz as Escrituras?", publicado no Mensageiro da Paz (novembro de 97), sobre os magos do Oriente: "A visita dos magos do Oriente ao menino Jesus, narrada em Mateus 2.1-18, é um episódio muito citado na época natalina.
Não mencionando o número, tampouco os nomes dos magos, Mateus informa: ‘‘...eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém" , v 1. Quem não lê a Bíblia, no entanto, costuma lhes dar nomes e afirmar que eram três reis! Zibordi continua: "Outra distorção em decorrência da não observância da narrativa bíblica é notada em algumas peças de Natal, nas quais o '"recém-nascido"' Jesus aparece na manjedoura, ladeado pelos '"três" magos. Mas o que diz a Escritura? De acordo com o texto em apreço, Jesus estava em casa (v 11), e já não era um recém-nascido, visto que Herodes mandou matar todos os meninos "...de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos", v 16. Dado a isso, devemos estudar os textos bíblicos considerando suas conexões remotas, podendo a ligação lógica dar o pensamento completo do texto. Portanto, consultar geografia bíblica, costumes e a História geral é muito importante. A interpretação deve estar em acordo com os ensinamentos gerais da Bíblia e jamais contrariá-los, pois estão sempre em harmonia.
Regra básica
A regra fundamental da Bíblia está bem explícita em seu texto. Embora tenha cerca de 40 escritores, de diferentes épocas, idades, circunstâncias, como o cientista Moisés; o pastor de ovelhas e depois rei Davi; o escriba Esdras, profetas que estudaram teologia nas escolas dos profetas em Betei e Gilgal, e outros que nem mesmo tiveram participação em tal linhagem, como o agricultor Amos; sábios como o rei Salomão; estadista como Daniel; doutores, como o apóstolo Paulo, ou de menor conhecimento e nível cultural, como Pedro; espirituais como João; todos estiveram sob uma mesma orientação - do Espírito. Escreveram de locais diferentes: uns do deserto, outros de Jerusalém, ou da Babilônia, mas todos sob um só objetivo.
Com isso a Bíblia formou um compêndio de 66 livros, porém todos os livros têm um mesmo tom, porque foram inspirados por um só Espírito - o mesmo que esteve com Moisés, também acompanhou Isaías, visitou Paulo e inspirou Daniel, cerca de 500 anos antes de Cristo e João, em torno de 60 anos depois. Portanto, todo o mérito da unicidade é de Deus, e jamais pode ser visto como humano ou ter a análise do homem, partindo de sua sabedoria. A própria unicidade, mantida durante séculos, enquanto estava sendo escrita, constitui-se numa clara interferência divina. E como um simples mortal poderia interpretar, partindo de seu ponto de vista, tamanha dimensão? Seria uma grande tolice. Nos 66 livros predomina uma só autoria.
Pr. Paulo Mesquita
Co-pastor da igreja-sede e secretário-executivo de Missões

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